quarta-feira, 1 de maio de 2013

Oh mama, we all go to hell!


Eu até pensei
Em me mudar pra outro planeta
E me instalar em qualquer cometa.
E me misturar e inalar
O pó da primeira estrela.
De cor cantar aquela música
Que nunca aprendi
Eu queria entender
O que tem de errado comigo?
Pra tentar me consertar
enquanto a tempo
Meu deus eu me lembro
O quanto minha mãe me disse
Que você voltaria
Da sua nave desceria
E julgaria minhas mentiras
E me faria arder
- Oh mãe, nós todos vamos arder no inferno
Nós já contamos mentiras
Todos já matamos alguém

Queria
Que minha comédia
Virasse romantica
E me imaginava
Numa cena estranha
Onde você ria pra mim
E não de mim

Eu ando
Pensando nessa coisa de vida
Trabalhando pra pagar os meus vícios
Conhecendo e desconhecendo amigos
E depois de sorrir, chorar
Porque viver é solitário demais

E parece que ninguém ser capaz
De me impedir de ir embora
Ninguém quer te agasalhar
Do frio que faz lá fora
Estão de braços cruzados
Apertando o ego pra não fugir.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Texto


Ah! A falta, o vazio.
Anseio por um mundo mais meu
Por tomar conta dos passos
Equilibrar-me sem desvios
Sem pedras miradas a minha cabeça

Eu tento conhecer-me
Mesmo sem concentrar-me.
É nas escolhas do sim e não
De sair sem permissão
Deixar no silencioso da noite
O que na manhã consequências virão
Mas já não me importa
Já fiz o que me deu na telha
Meu teto é de vidro como a quem me julga
Então porque me bates tão forte?
Se tua vida fora tão negra
Quanto tento tornar a minha
E se é desse veneno que quero provar
Se todos os caminhos me levarão a morte
Adiando e fazendo a demorar
Vou levando a vida
Pensante e sem pensar
Somos seres solitários
Vagando entre outros
Apenas.
Deixe que eu siga meu rumo
Sem teus insultos
Já basta o mundo que tenho que carregar
As costas doem e alma morre
Não adiantes minha morte
Deixe-me aproveitar o resto de doçura
Provar dos prazeres
Sorrir sem felicidade
E amar meu reflexo.




terça-feira, 9 de abril de 2013

Texto.


Texto a seguir de um amigo meu:


Sinto que mar

Por trás dessa parede
Limpa, forte, impecável
À algo que causa muito barulho
De la vem sons que pareço já conhecer
Sons que me lembram a fúria do mar
Respingos caem em meu rosto
É mais que esperança
Não são apenas da tempestade
Eu sinto o gosto salgado de mar

A maré quando sobe
sabe
Sabe que a parede supostamente implacável
É frágil e suspeita
Deixa que as ondas da maré alta lhe abracem
Um abraço confuso
A ponto de fazer a parede chorar
Mas que depois à alivia
É desse choro (...) que surgem os respingos
Que sempre me deixam mais curioso.

Então sei que é mar
E os respingos já não me bastam
Surge a necessidade de um mergulho profundo
Pode ser um mar sem tamanho
Pronto para me engolir
Mas não tenho medo de me afogar

Passarei por cima dessa parede de beleza monocromática
Destinado a mergulhar com tudo que tenho
E fazer esse mar de infinitos tons transbordar

Mar
Não espero que tenha portos
Portos são para frios e grandes navios
Espero encontrar tuas ilhas
Para construir meu barco a velas
Mar
Não tenho direção alguma
Apenas quero velejar
Nesse ponto peço que seja gentil
Me mande bons ventos.


Escrito por Uirá Cavalcante,

terça-feira, 26 de março de 2013

Absorta.


Absolvida nos pensamentos, vagando nos complexos fios de navalha, envolvendo o cérebro, anestesiando meu corpo. Na briga do pessimismo contra o otimismo, passo os dias seguindo os sapatos. Guiada pela bússola do tempo que pulsa no meu pulso marcado. Controlando as pernas que sabem o caminho de casa, sóbria ou embriagada. Bebendo da saliva de uva, sugando o ar da fumaça. Querendo soltar o peso das costas, mas como? Minhas mãos não alcançam e ninguém ajuda, todos querem desatar o seu nó e de nada adianta.

domingo, 24 de março de 2013

Trague-me

Suspenso no ar.


Encontrei-me em cem órbitas
Minha paz num trago.
No corredor da morte
Que é a vida.

Suspendi meus braços
Toquei mais próximo ao céu.
Fechei os olhos e percebi
O vão

O chão não é firme
Não como parece
Nada é como parece
Digam-me a verdade

Olhos mirados à dentro
E as matas e arbustos
As veias e nervos
Pensamento.

Enroscado em seus galhos
Quantos não se perderam?
Caos, nunca paz.
E a realidade engole.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Contos de Dafine




Continuação...
Capítulo 2: O reencontro (parte 3)


Um barulho de galho quebrando se seguiu durante alguns segundos. Fiquei alerta. Levantei um pouco a cabeça e vi uma silhueta. Poderia ser alguém arrumando um lugar pra mijar.

- Tem alguém aqui? – indagou.

Não deu tempo de responder ou recolher-me ao silêncio e tentar ficar escondida até o tal estranho ir embora. Uma luz aterrorizadora saída de uma tela de celular iluminara meu rosto e me revelava ao estranho. 



- O que você esta fazendo? – Reconheci a voz.
- Desliga essa porra!

Ele desligou e foi até a mim.

- Por acaso esta me persseguindo? – Perguntei.
- Mais ou menos. Pensei que iria para casa. 
- Pois é. Esse é o meu novo viveiro.
Ele riu.
- Você é engraçada Dani.
- E você ou quer me comer ou não tem mais o que fazer. Se for o caso dos dois fatos estarem interligados, me ajuda a levantar e me dá uma carona.
- Engraçada e direta. Gosto disso.
- E tenho uma buceta. 
Sorriu.
- Nunca duvidei disso. Vem, que eu te ajudo. Você bebeu além da conta.
- Como é gentil – falei ironicamente – Eu to bem.

Quando estava me ajudando a levantar, me senti realmente tonta. Havia bebido mais da metade do vinho sentada. Minha vista escureceu. Apaguei.





 ...




Acordei com o balançar do carro. Minha cabeça doia um pouco. Olhei para o lado e lá estava o meu odiado vizinho.

- O que aconteceu?
- A bela adormecida, despertou.
- Hum. – Observava o calçadão da praia vazio passar rapidamente pelo vidro do carro.
- Nada, você bebeu demais e desmaiou. Acho que foi queda de pressão ou algo do tipo. Ta melhor?
- Nada que uma taça de vinho não ajude.

Ele sorriu. Ficamos o resto da viagem em silêncio, observava os sinais piscando em amarelo, as ruas vazias, mortas. O carro seguia livremente, chegamos no prédio em 20 minutos. Abri a porta do carro e desci, entramos em total silêncio no elevador e subimos até o nosso andar.

- Então, você não esta sentindo nada? Nenhum dor? – Perguntou.
- Nada que me impossibilite trepar, você quer dizer?
- Você é sempre assim?
- Depende.
- Do que?
- Eu nunca me lembro o que sonho. Talvez lá eu me comporte como uma pessoa sociável.
Silêncio. O elevador havia chegado ao andar.

Saímos e ele parou em frente ao meu apartamento.

- Vou esperar você entrar, pra depois ir pro meu apartamento. 
- Se preferir.

Tirei a chave do bolso e tentei achar a fechadura. Depois de algumas tentativas falhas consegui achar e abrir. Entrei e fui até a cozinha.

- Você vai deixar isso aqui escancarado?
Não respondi. Ele ficou parado na porta.
- Entra logo!
Ouvi a porta se fechar.
- Cerveja, vinho ou Whisky? – Perguntei logo que o vi.
- Na verdade...
- Na verdade você vai me acompanhar.

Peguei duas taças de vinho e enchi. Tomei um gole e depositei em cima da mesa. Fui até o banheiro e tirei a roupa, liguei o chuveiro e fiquei ali por alguns minutos. Saí do box e vesti uma camisola apenas, peguei a toalha e enxuguei os cabelos. Formando cachos meio embaraçados e desarrumados. Tirei o excesso de maquiagem dos olhos e me observei no espelho.

- Posso entrar? - O sujeito estava encostado na porta do banheiro com a taça na mão e um cd.
- Não costumo trazer caras pra dormir aqui. Normalmente não costumo trazer ninguém pra cá.
- Porque não?
Apontei para o cd.
- Porque as pessoas são bisbilhoteiras.
- Desculpe, é que...

O interrompi com um beijo. A taça caiu no chão se espatifando. Empurrei-o para cama e tirei a camisola.

- Não sei porque coloquei essa porra.
- Também não entendo. - Me puxou para baixo dele, com um sorriso malicioso que todos os homens fazem. É uma mistura de felicidade e psicopatismo. Que se resumem na forma que nós chamamos de tesão. Ele tirou a camiseta e desabotoou a calça. E lá estava, duro e ereto. Colocou dentro de mim devagar e logo se intensificando em movimentos e posições. Antes que acontecesse ele pôs um preservativo e terminamos. Resultado, transamos três vezes.

Depois de alguns minutos, estava pensativa. Havia quebrado meu código de segurança.
- Se não se importa, eu prefiro dormir só. - Quebrei o silêncio.
- O que?
- Você entendeu.
- Quer dizer que você me usa e depois tchau? - Falou em tom de brincadeira.
- Basicamente isso.

Silêncio. Ele se levantou e começou a se vestir de mau gosto. Peguei a camisola me vesti e o acompanhei até a porta. Ele se virou para mim e me desejou boa noite. Sorri e logo tranquei a porta. Fui para o quarto novamente. O gato estava lá a minha espera, o gato sem nome. Deitei do lado dele e descansei a cabeça no travesseiro.

- Nem vá se acostumando! -  Falei para ele, em seguida adormeci.