Continuação...
Capítulo 2: O reencontro (parte 3)
Um barulho de galho quebrando se seguiu durante alguns segundos. Fiquei
alerta. Levantei um pouco a cabeça e vi uma silhueta. Poderia ser alguém
arrumando um lugar pra mijar.
- Tem alguém aqui? – indagou.
Não deu tempo de responder ou recolher-me ao silêncio e tentar ficar escondida
até o tal estranho ir embora. Uma luz aterrorizadora saída de uma tela de
celular iluminara meu rosto e me revelava ao estranho.
- O que você esta fazendo? – Reconheci a voz.
- Desliga essa porra!
Ele desligou e foi até a mim.
- Por acaso esta me persseguindo? – Perguntei.
- Mais ou menos. Pensei que iria para casa.
- Pois é. Esse é o meu novo viveiro.
Ele riu.
- Você é engraçada Dani.
- E você ou quer me comer ou não tem mais o que fazer. Se for o caso dos dois
fatos estarem interligados, me ajuda a levantar e me dá uma carona.
- Engraçada e direta. Gosto disso.
- E tenho uma buceta.
Sorriu.
- Nunca duvidei disso. Vem, que eu te ajudo. Você bebeu além da conta.
- Como é gentil – falei ironicamente – Eu to bem.
Quando estava me ajudando a levantar, me senti realmente
tonta. Havia bebido mais da metade do vinho sentada. Minha vista escureceu. Apaguei.
...
Acordei com o balançar do carro. Minha cabeça doia um pouco.
Olhei para o lado e lá estava o meu odiado vizinho.
- O que aconteceu?
- A bela adormecida, despertou.
- Hum. – Observava o calçadão da praia vazio passar rapidamente pelo vidro do
carro.
- Nada, você bebeu demais e desmaiou. Acho que foi queda de pressão ou algo do
tipo. Ta melhor?
- Nada que uma taça de vinho não ajude.
Ele sorriu. Ficamos o resto da viagem em silêncio, observava os sinais piscando
em amarelo, as ruas vazias, mortas. O carro seguia livremente, chegamos no
prédio em 20 minutos. Abri a porta do carro e desci, entramos em total silêncio
no elevador e subimos até o nosso andar.
- Então, você não esta sentindo nada? Nenhum dor? –
Perguntou.
- Nada que me impossibilite trepar, você quer dizer?
- Você é sempre assim?
- Depende.
- Do que?
- Eu nunca me lembro o que sonho. Talvez lá eu me comporte como uma pessoa
sociável.
Silêncio. O elevador havia chegado ao andar.
Saímos e ele parou em frente ao meu apartamento.
- Vou esperar você entrar, pra depois ir pro meu apartamento.
- Se preferir.
Tirei a chave do bolso e tentei achar a fechadura. Depois de algumas
tentativas falhas consegui achar e abrir. Entrei e fui até a cozinha.
- Você vai deixar isso aqui escancarado?
Não respondi. Ele ficou parado na porta.
- Entra logo!
Ouvi a porta se fechar.
- Cerveja, vinho ou Whisky? – Perguntei logo que o vi.
- Na verdade...
- Na verdade você vai me acompanhar.
Peguei duas taças de vinho e enchi. Tomei um gole e depositei em cima da mesa. Fui até o banheiro e tirei a roupa, liguei o chuveiro e fiquei ali por alguns minutos. Saí do box e vesti uma camisola apenas, peguei a toalha e enxuguei os cabelos. Formando cachos meio embaraçados e desarrumados. Tirei o excesso de maquiagem dos olhos e me observei no espelho.
- Posso entrar? - O sujeito estava encostado na porta do banheiro com a taça na mão e um cd.
- Não costumo trazer caras pra dormir aqui. Normalmente não costumo trazer ninguém pra cá.
- Porque não?
Apontei para o cd.
- Porque as pessoas são bisbilhoteiras.
- Desculpe, é que...
O interrompi com um beijo. A taça caiu no chão se espatifando. Empurrei-o para cama e tirei a camisola.
- Não sei porque coloquei essa porra.
- Também não entendo. - Me puxou para baixo dele, com um sorriso malicioso que todos os homens fazem. É uma mistura de felicidade e psicopatismo. Que se resumem na forma que nós chamamos de tesão. Ele tirou a camiseta e desabotoou a calça. E lá estava, duro e ereto. Colocou dentro de mim devagar e logo se intensificando em movimentos e posições. Antes que acontecesse ele pôs um preservativo e terminamos. Resultado, transamos três vezes.
Depois de alguns minutos, estava pensativa. Havia quebrado meu código de segurança.
- Se não se importa, eu prefiro dormir só. - Quebrei o silêncio.
- O que?
- Você entendeu.
- Quer dizer que você me usa e depois tchau? - Falou em tom de brincadeira.
- Basicamente isso.
Silêncio. Ele se levantou e começou a se vestir de mau gosto. Peguei a camisola me vesti e o acompanhei até a porta. Ele se virou para mim e me desejou boa noite. Sorri e logo tranquei a porta. Fui para o quarto novamente. O gato estava lá a minha espera, o gato sem nome. Deitei do lado dele e descansei a cabeça no travesseiro.
- Nem vá se acostumando! - Falei para ele, em seguida adormeci.